Saturday, May 28, 2005

ELOS:
PERDIDOS, PARTIDOS, REENCONTRADOS, SONHADOS





Definitivamente

Conhecemo-nos numa sala de bate-papo. Ele era o homem nietzschiano, eu uma completa analfabeta no mundo da net. Ele me salvou de uma revoada de gaviões, ensinando-me como conversar num chat. Desde o primeiro encontro contou-me sua história. Nascera com uma cardiopatia grave e sua vida foi sempre contada em dias. Aos 34 anos uma síncope ao volante o colocara numa cadeira de rodas. Desde então, voltou-se para os livros.
Embora não tivesse tido uma longa educação formal, tinha uma inteligência privilegiada. E lia desesperadamente. Todos os dias fazia o trajeto da sua casa à biblioteca pública em busca de novas leituras. Dizia-me que queria passar para outra vida com o máximo de conhecimento acumulado.
Encontrávamo-nos diariamente naquela sala de chat. Sempre no final da tarde quando eu reservava uma hora para nossas conversas. Discutíamos filosofia, literatura, a vida e o amor. Eu sabia o que ele sentia por mim, embora ele nunca tivesse dito. Eu o amava como ao irmão que já não tinha. Com ele aprendi que o amor transcende o físico e sobrevive num plano acima do habitual. Nós nos amávamos, cada um a seu jeito.
Um dia ele não apareceu. Durante uma semana estive naquela sala a esperá-lo. Nunca mais voltou. Doeu. Mesmo eu sabendo que isso aconteceria.
Ficaram comigo as lembranças de dois anos. Uma convivência intelectual e afetiva. Um amor que sobreviverá ao tempo e à vida.

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Talvez seja este meu único elo verdadeiramente perdido. Um elo que jamais será reatado concretamente. Os demais, foram partidos nesta convivência cotidiana. São muitos. Alguns deles, eu não quero reatar. Foram enganos meus que me causaram dor. Muitos estão por aí. E com certeza um dia voltarão. Como alguns que já estão voltando.

Loba


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Pour Delly

Voz instrumento da história
Ora marfim, ora ébano
Pautada em semi-longas
Fugas de fusas conversas

E eu de encantamento
Em pausas desafinando
Às vezes acertando o passo
Nos alegros de tua harmonia
Coma para qualquer compasso

Vou pedir ao velho Villa
Que escreva em contraponto
Mais um tempo p’ro trenzinho
Em timbre de telefone
Trazendo a tua risada
Cantante, forte, sincera...
E minha alegria ao ouvi-la

Adelia



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umas tres e quarto intermináveis
as horas não tenhem fim
mentres procuro definições absurdas para a soidade
sem ti

não som abondo os aromas
que vou deijando nos bolsos
moi perto da pêle
que eles mesmos modulan
na distança

mais o agora fálame de todo canto vou deitando
ao redor da tua ausencia
de canto perdo sem ti
e contigo
por não ver além
da separação impenetrável

Alberte Moman


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Um elo perdido


Existiu por aí alguém que ficou no tempo
Alguém que um dia te amou
Alguém que se machucou
Alguém que se enganou

Culpou-te: afinal, eras o amor.
Fechou-te todas as portas
E acreditou que um capítulo se encerrou.

Hoje este alguém volta.
Despido das mágoas,
Este alguém vem aceitar
As mãos que um dia estendeste.

Volta agora como o irmão:
Pródigo, envergonhado,
Mas trazendo-lhe o coração.

Aceita-me?

L.N.


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Querida amiga,

Reencontrei-te, há alguns meses numa pesquisa no google. Numa tarde em que a saudade bateu forte, digitei seu nome e te descobri loba. Desde então leio suas palavras silenciosamente.
Não sei porque nos separamos, porque perdemos o contato. Sei que você sempre foi uma das pessoas das quais jamais esquecerei. E se não te procurei antes foi em respeito ao seu silêncio. Nunca vi meu nome no seu blog, nunca vi nenhuma referência à nossa tão velha amizade. Pra mim, sinal claro de que nosso tempo havia passado.
Mas o que é bom não deveria passar e foi pensando assim que resolvi responder à chamada para este exercício. Não perco nada e tenho a possibilidade de ganhar muito.
Gostaria imensamente de reatar nossos elos e te convido a pensar sobre o assunto. Logo abaixo deixo meu contato. E espero o seu.
Obrigado por esta oportunidade.

Lúcio


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Escuto o silêncio para ouvir seus passos distantes.
Seus olhos imensos, brilhantes, iluminam minhas noites intermináveis, com
medo do amanhecer, de tocar a vida, de não fazer o certo.
Nunca conheci olhos tão cheios de esperança...
Amigo que fica...
Para sempre em nosso coração, em nossa vida, a nos fazer companhia.
A distância existe.
Mas a alma não conhece espaços. É livre. Universal. Atemporal.
E o coração sente a presença do seu, cada vez que se alegra, se entristece,
desanima, sonha um sonho novo, descobre caminhos, desconhecidos,
acolhedores, aventureiros.
Partilha cada conquista. Cada passo dado em direção ao inusitado. Tão
esperado mundo novo. O descanso merecido.
Amigos não se perdem nunca. Deus é o elo comum entre eles.
Seu Espírito sustenta o caminho diverso, a longa viagem.
E o reencontro é certo.
Dividindo saudades, matando o tempo escasso de sorrisos com imensas
gargalhadas. Histórias da vida, saborosas, renovadas. Sabendo que nada foi
em vão.
A alma, os olhos, o jeito, a voz, estiveram sempre presentes em minhas
lembranças.
Recíprocas.
As mãos agéis pintando quadros novos. De um mundo diferente, solidário,
indestrutível.
O reencontro é festa.
Um convite à verdadeira felicidade.
Só de pensar em rever olhos tão mansos a vida já renasce...Primavera...Dia
de sol, inesquecível.
A distância é cada vez menor e o reencontro é certo. Não demora.
Amigo é assim...Quase amor?
Amor absoluto.
Pedaço generoso do imenso coração de Deus...
Presente para sempre.
Presente sem preço.
Presente. Futuro. Eterno.
Amigo é assim...

Ádina


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Verde encontra Aninha...
Um dia, numa tarde morna de abril, Aninha entrou numa daquelas salas chatas
de bate-papo pra tentar desopilar de um dia mais chato ainda de trabalho.
Era a segunda ou terceira vez dela num chat.E ela não tinha a manha de se
desvencilhar dos inconvenientes de plantão. Logo, foi abordada por alguém
cujo nick lembrou-lhe esperança.
Verde teclava de forma respeitosa e até carinhosa, o que chamou sua atenção.
Jamais encontrara alguém de tamanha delicadeza nas redes da net. Aquilo
começou como um papo informal. Falaram da vida, do trabalho, das relações
(sim, ele era casado e ela era noiva...) e da possibilidade de se envolverem
emocionalmente.
Marcaram encontros diários pela mesma sala de bate-papo. Sempre à mesma
hora, sempre com a mesma empolgação, sempre com a mesma vontade de, quem
sabe, se conhecerem melhor. E isso ficou ainda mais possível quando ele
pediu o celular dela. Ligou imediatamente e dali começou algo que eles
jamais poderiam imaginar quando se encontraram naquela chata sala de
bate-papo.
Dois meses de conversas pelo chat, pelo celular, por cartas escritas em
papel. Ela resolveu que precisava conhecê-lo pessoalmente. E foi ao seu
encontro. A química tinha que funcionar para dar tudo certo. E deu. Eles
estiveram juntos em cinco oportunidades. Tudo mágico. Tudo perfeito. Tudo
como eles desejavam.
Ela voltou com uma certeza: terminaria o noivado para esperar por ele. Ele
pediria o divórcio para ficar com ela. menos de um mês depois daquela
aventura, ele liga e diz que não tem coragem de deixar as filhas. As filhas
pequenas foi a melhor desculpa para se admitir um fraco. Ele dizia em letras
garrafais que ela era O AMOR MAIOR DA VIDA dele. E por esse amor ele não
soube começar de novo.
Tornaram-se amigos, confidentes, companheiros. Não havia mais romance. Só
uma linda amizade vivenciada por causa da imensa cumplicidade que se
estabeleceu entre eles. Ao longo desses últimos sete anos, vez por outra,
ele liga pra ela ou ela liga pra ele. Mas o elo se perdeu. A emoção parece a
mesma ao telefone. Mas não tem mais a cumplicidade. Não tem mais a
necessidade de se falarem sempre. E o elo se perdeu. Ele sumiu quando ela o
procurou da última vez que esteve em sua cidade no Natal passado. Ela não
entendeu nada. Mas ainda tem por ele o mesmo carinho e a mesma vontade de
resgatar o elo perdido.

Se alguém puder convencer o Verde de que a Aninha só quer sua amizade para
sempre. Favor entrar em contato pelo celular (71) 9969-5541 ou no e-mail
gab_ilmaaguiar@trt05.gov.br. Ah, ele atende pelo nome de Carlos José.


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Distância ...Espaço, tempo ou apenas um sentimento? Penso no passado e nas pessoas que ficaram, e chego a conclusão de que os que se foram, foram por suas razões e destino. A vida muitas vezes nos leva a trilhar novos caminhos, novos encantos, novas paixões, e isso não se perde, quando amamos e nos recordamos dos que se foram, por quaisquer motivos que sejam, sabemos que hoje, somos o resultado inexorável desta convivência. Se hoje sou quem sou, é por trilhar o caminho e me apoderar de um tantinho de cada um que por mim passou. Deixei saudades, ficaram saudades, mas tudo esta certo como esta, e o futuro a mim pertence. Vou fazer dele um carrossel de lembranças e resultados e vou levar comigo sempre os desejos e sonhos, realizados ou por realizar de quem comigo trilhou a longa estrada do meu ser.

Claudinha


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“Cumplicidade”

O mar calmo, sereno, manso...

O aconchego seguro,
As palavras confortadoras.

O mar plácido, o céu limpo...

O sorriso contagiante, carregado de esperança,
A voz manhosa, acalento nas incertezas.

O mar tranqüilo, ondas cristalinas...Calmaria!

O coração sempre disposto a compartilhar,
A luz do farol a iluminar os dias nebulosos.

O mar calmo, sereno, manso, o céu limpo, as águas sossegadas, as ondas cristalinas...

O incondicional sentimento ofertado gratuitamente, partilha... sonhos felizes!
A sintonia de idéias, a cumplicidade de pensamentos, de sentimentos: a reciprocidade.

Avizinham-se raios, trovões, ventos uivantes, natureza ofegante...
Nuvens cobrem o sol, o cinza toma o lugar da luz, pesadelos terríveis!
As águas revoltam-se, ondas agitadas ocultam a direção do porto seguro.

A instabilidade faz-se companheira de viagem...é tempestade!
Do barulho ensurdecedor emana palavras soltas, um labirinto verbal, prelúdio do descaso.

O tempo torna-se inimigo fatal... com o caminhar dos ponteiros tudo adormece,
Mistérios profundos, gestos simples, lágrimas correm frias pela face, martírios, amores... tudo desfalece.

Na aurora cálida do amanhecer, tímidos brilham os primeiros vestígios do sol,
Nostalgia, sopro de vida... na palidez do momento um insopitável desejo...
Reunir os pedaços, unir o que se desfez, reatar laços, reconstruir “felicidades”.

Karine (Ká)- http://espacoka2.zip.net



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Os elos: os nós
Depois de muitas gotas isoladas prateando minha alma solitária, acostumei com a breve sensação da impossibilidade real de juntarmos almas. Lembrava-me o conselho do poeta: "não queira entender as almas, é necessário que os corpos se entendam"...e conseguia ser por alguns bons momentos felizes.
Mas, de repente...não mais que de repente, uma pérola caiu em minhas mão e me disse com todas as palavras: existo.A delicadeza e a sinceridade com que foram ditas essas palavras tocaram em minha alma com o som do sino celestial:do bem...bem...bem.
Não havia muito e havia tudo...o nó parecia tão forte que ninguém conseguiria desatar. E gotas formavam um mar de paz na minha alma.
Inundou o meu ser...mas não levei um bote....
Orvalhei com todo o meu ser e não percebi que era fingimento poético ...A alma era etérea, transparência: apenas poesia...cria, mas não via....

Simone Matheus
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Para Adão

Elos são laços que podem se transformar em nós.
E nós, só se desata quando há vontade dos dois lados.
Desde nosso primeiro encontro já sabia que seríamos importantes um para o outro. E fomos.
Nosso amor foi lindo e durante meses vivi a expectativa de ter você na minha vida de forma definitiva.
Mas nada é definitivo. Nem mesmo um amor tão grande.
Hoje entendo e aceito o fim do seu amor. Ainda te amo, mas não mais com a possessividade de antes. O amor também muda e o meu mudou.
Gostaria muito que você fizesse contato comigo. Gostaria de desatar os nós que nossa separação colocou entre nós. Se não tem mais os meus contatos, por favor deixe aqui o seu sinal. saberei traduzi-lo.
Beijos

Eva
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Elo sem volta
Gostava tanto dela. Só que o que se perdeu, é melhor deixar perdido. O nome dela continua na sua lista , mas virou pagina virada. Restou apenas um nick. O que ele quer dizer já não me pertence mais.
(comentário deixado no blog da loba)
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elo sonhado
eu a tenho diariamente. através das letras eu a adivinho. e a sinto como um sonho. ela é minha eterna capitu. um dia olharei seus olhos, sorrirei com seu sorriso, beijarei sua boca. e o elo se tornará real.
(comentário deixado no blog da loba)
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Elo permanente
Hoje sei que ela me amou. Deu-se inteiramente a mim, como sabia se dar. Foi insuficiente. Eu quis muito mais. Hoje, que só tenho a sua amizade, sinto saudades daquele amor que eu não soube valorizar. Sei que com ela não terei outra chance, porque destruí todos os caminhos que me levariam ao seu amor. Mas ela terá sempre um pedaço do meu coração. Um elo invisivel, mas permanente: o meu amor.
R.M.

Monday, May 23, 2005

ELOS PERDIDOS

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.

João Cabral de Melo Neto in Tecendo a manhã



Nestes dez anos de net e um ano de blog fiz algumas observações que considero de grande importância no meu processo de interação neste mundo virtual. E a mais importante delas está direcionada para as relações virtuais - minhas e das pessoas com as quais convivo. Não pretendo fazer nenhuma tese, ainda que empiricamente eu tenha dados para tal. O que pretendo está relacionado aos elos perdidos.
Absolutamente todos nós perdemos pessoas neste mundo da net. Desfizemos laços que antes considerávamos essenciais à nossa felicidade. Por ser este um ambiente onde impera a palavra escrita, as relações tornam-se frágeis, efêmeras. A palavra escrita, apesar de nos proporcionar belos e emocionantes momentos, é fonte de muitas e variadas interpretações. E interpretações são feitas com os sentimentos de quem lê, o que implica em muitos e muitos equívocos. A isto chamamos ruído de comunicação. E estes ruídos quase sempre terminam em afastamentos.
Finais mal resolvidos são comuns neste nosso ambiente virtual. Muitas vezes uma frase lida nos magoa profundamente. E em muitos casos, preferimos nos afastar guardando aquela mágoa porque acreditamos que no virtual isso é normal. Ou que uma relação virtual tende mesmo a terminar rapidamente.
Mas não precisa necessariamente ser assim. Amores podem se transformar em grandes amizades. Não há amigo melhor do que aquele que nos conhece profundamente porque já se relacionou amorosamente conosco. Por outro lado, aquele que um dia foi nosso grande amigo e perdeu-se, pode e deve ser trazido novamente para o nosso convívio. Muitas vezes, basta apenas um gesto para que o ruído da comunicação seja desfeito.
Pensando nisso e nas muitas pessoas com as quais tive relações intensas, tanto de amizade quanto amorosas, e que ficaram perdidas por este mundo virtual pensei em criar um novo espaço no meu blog. Conversando com a Adélia, tivemos a idéia de aproveitar a construção coletiva das quintas e propor a vocês que tornemos o próximo exercício um grande momento de reativação de elos perdidos.
A proposta é simples e exige apenas que nos desnudemos de nossos preconceitos, nossa auto-suficiência e nossas mágoas para abrirmos o coração.
Cada um de nós escreverá um texto em verso ou prosa (de no máximo mil caracteres) a uma pessoa que deixou saudades. Sei que são muitas as pessoas que deixaram saudades, mas por uma questão de espaço limitaremos a três textos por pessoa. Estes textos deverão ser enviados a mim e eu os postarei no próximo sábado, numa página especialmente feita para isto. Também poderão ser enviados endereços de e-mail das pessoas a quem os textos serão dirigidos, para que eu possa convidá-las a ler as postagens. E para aqueles que quiserem manter o anonimato do destinatário, poderão usar codinomes – desde que eles sejam de conhecimento do destinatário ou que eu tenha conhecimento do nome para avisar a pessoa.
E então? Vamos nesta? Espero que a idéia possa se concretizar e para isso gostaria da opinião e outras sugestões de vocês - inclusive dos leitores silenciosos, a quem especialmente convido a participar.