ELOS: PERDIDOS, PARTIDOS, REENCONTRADOS, SONHADOS
Definitivamente
Conhecemo-nos numa sala de bate-papo. Ele era o homem nietzschiano, eu uma completa analfabeta no mundo da net. Ele me salvou de uma revoada de gaviões, ensinando-me como conversar num chat. Desde o primeiro encontro contou-me sua história. Nascera com uma cardiopatia grave e sua vida foi sempre contada em dias. Aos 34 anos uma síncope ao volante o colocara numa cadeira de rodas. Desde então, voltou-se para os livros. Embora não tivesse tido uma longa educação formal, tinha uma inteligência privilegiada. E lia desesperadamente. Todos os dias fazia o trajeto da sua casa à biblioteca pública em busca de novas leituras. Dizia-me que queria passar para outra vida com o máximo de conhecimento acumulado. Encontrávamo-nos diariamente naquela sala de chat. Sempre no final da tarde quando eu reservava uma hora para nossas conversas. Discutíamos filosofia, literatura, a vida e o amor. Eu sabia o que ele sentia por mim, embora ele nunca tivesse dito. Eu o amava como ao irmão que já não tinha. Com ele aprendi que o amor transcende o físico e sobrevive num plano acima do habitual. Nós nos amávamos, cada um a seu jeito. Um dia ele não apareceu. Durante uma semana estive naquela sala a esperá-lo. Nunca mais voltou. Doeu. Mesmo eu sabendo que isso aconteceria. Ficaram comigo as lembranças de dois anos. Uma convivência intelectual e afetiva. Um amor que sobreviverá ao tempo e à vida.
-----------------------------------------------------------------
Talvez seja este meu único elo verdadeiramente perdido. Um elo que jamais será reatado concretamente. Os demais, foram partidos nesta convivência cotidiana. São muitos. Alguns deles, eu não quero reatar. Foram enganos meus que me causaram dor. Muitos estão por aí. E com certeza um dia voltarão. Como alguns que já estão voltando.
Loba
-----------------------------------------------------------------
Pour Delly
Voz instrumento da história Ora marfim, ora ébano Pautada em semi-longas Fugas de fusas conversas
E eu de encantamento Em pausas desafinando Às vezes acertando o passo Nos alegros de tua harmonia Coma para qualquer compasso
Vou pedir ao velho Villa Que escreva em contraponto Mais um tempo p’ro trenzinho Em timbre de telefone Trazendo a tua risada Cantante, forte, sincera... E minha alegria ao ouvi-la
Adelia
-----------------------------------------------------------------
umas tres e quarto intermináveis as horas não tenhem fim mentres procuro definições absurdas para a soidade sem ti
não som abondo os aromas que vou deijando nos bolsos moi perto da pêle que eles mesmos modulan na distança
mais o agora fálame de todo canto vou deitando ao redor da tua ausencia de canto perdo sem ti e contigo por não ver além da separação impenetrável
Alberte Moman
-----------------------------------------------------------------
Um elo perdido
Existiu por aí alguém que ficou no tempo Alguém que um dia te amou Alguém que se machucou Alguém que se enganou
Culpou-te: afinal, eras o amor. Fechou-te todas as portas E acreditou que um capítulo se encerrou.
Hoje este alguém volta. Despido das mágoas, Este alguém vem aceitar As mãos que um dia estendeste.
Volta agora como o irmão: Pródigo, envergonhado, Mas trazendo-lhe o coração.
Aceita-me?
L.N.
-----------------------------------------------------------------
Querida amiga,
Reencontrei-te, há alguns meses numa pesquisa no google. Numa tarde em que a saudade bateu forte, digitei seu nome e te descobri loba. Desde então leio suas palavras silenciosamente. Não sei porque nos separamos, porque perdemos o contato. Sei que você sempre foi uma das pessoas das quais jamais esquecerei. E se não te procurei antes foi em respeito ao seu silêncio. Nunca vi meu nome no seu blog, nunca vi nenhuma referência à nossa tão velha amizade. Pra mim, sinal claro de que nosso tempo havia passado. Mas o que é bom não deveria passar e foi pensando assim que resolvi responder à chamada para este exercício. Não perco nada e tenho a possibilidade de ganhar muito. Gostaria imensamente de reatar nossos elos e te convido a pensar sobre o assunto. Logo abaixo deixo meu contato. E espero o seu. Obrigado por esta oportunidade.
Lúcio
-----------------------------------------------------------------
Escuto o silêncio para ouvir seus passos distantes. Seus olhos imensos, brilhantes, iluminam minhas noites intermináveis, com medo do amanhecer, de tocar a vida, de não fazer o certo. Nunca conheci olhos tão cheios de esperança... Amigo que fica... Para sempre em nosso coração, em nossa vida, a nos fazer companhia. A distância existe. Mas a alma não conhece espaços. É livre. Universal. Atemporal. E o coração sente a presença do seu, cada vez que se alegra, se entristece, desanima, sonha um sonho novo, descobre caminhos, desconhecidos, acolhedores, aventureiros. Partilha cada conquista. Cada passo dado em direção ao inusitado. Tão esperado mundo novo. O descanso merecido. Amigos não se perdem nunca. Deus é o elo comum entre eles. Seu Espírito sustenta o caminho diverso, a longa viagem. E o reencontro é certo. Dividindo saudades, matando o tempo escasso de sorrisos com imensas gargalhadas. Histórias da vida, saborosas, renovadas. Sabendo que nada foi em vão. A alma, os olhos, o jeito, a voz, estiveram sempre presentes em minhas lembranças. Recíprocas. As mãos agéis pintando quadros novos. De um mundo diferente, solidário, indestrutível. O reencontro é festa. Um convite à verdadeira felicidade. Só de pensar em rever olhos tão mansos a vida já renasce...Primavera...Dia de sol, inesquecível. A distância é cada vez menor e o reencontro é certo. Não demora. Amigo é assim...Quase amor? Amor absoluto. Pedaço generoso do imenso coração de Deus... Presente para sempre. Presente sem preço. Presente. Futuro. Eterno. Amigo é assim...
Ádina
-----------------------------------------------------------------
Verde encontra Aninha... Um dia, numa tarde morna de abril, Aninha entrou numa daquelas salas chatas de bate-papo pra tentar desopilar de um dia mais chato ainda de trabalho. Era a segunda ou terceira vez dela num chat.E ela não tinha a manha de se desvencilhar dos inconvenientes de plantão. Logo, foi abordada por alguém cujo nick lembrou-lhe esperança. Verde teclava de forma respeitosa e até carinhosa, o que chamou sua atenção. Jamais encontrara alguém de tamanha delicadeza nas redes da net. Aquilo começou como um papo informal. Falaram da vida, do trabalho, das relações (sim, ele era casado e ela era noiva...) e da possibilidade de se envolverem emocionalmente. Marcaram encontros diários pela mesma sala de bate-papo. Sempre à mesma hora, sempre com a mesma empolgação, sempre com a mesma vontade de, quem sabe, se conhecerem melhor. E isso ficou ainda mais possível quando ele pediu o celular dela. Ligou imediatamente e dali começou algo que eles jamais poderiam imaginar quando se encontraram naquela chata sala de bate-papo. Dois meses de conversas pelo chat, pelo celular, por cartas escritas em papel. Ela resolveu que precisava conhecê-lo pessoalmente. E foi ao seu encontro. A química tinha que funcionar para dar tudo certo. E deu. Eles estiveram juntos em cinco oportunidades. Tudo mágico. Tudo perfeito. Tudo como eles desejavam. Ela voltou com uma certeza: terminaria o noivado para esperar por ele. Ele pediria o divórcio para ficar com ela. menos de um mês depois daquela aventura, ele liga e diz que não tem coragem de deixar as filhas. As filhas pequenas foi a melhor desculpa para se admitir um fraco. Ele dizia em letras garrafais que ela era O AMOR MAIOR DA VIDA dele. E por esse amor ele não soube começar de novo. Tornaram-se amigos, confidentes, companheiros. Não havia mais romance. Só uma linda amizade vivenciada por causa da imensa cumplicidade que se estabeleceu entre eles. Ao longo desses últimos sete anos, vez por outra, ele liga pra ela ou ela liga pra ele. Mas o elo se perdeu. A emoção parece a mesma ao telefone. Mas não tem mais a cumplicidade. Não tem mais a necessidade de se falarem sempre. E o elo se perdeu. Ele sumiu quando ela o procurou da última vez que esteve em sua cidade no Natal passado. Ela não entendeu nada. Mas ainda tem por ele o mesmo carinho e a mesma vontade de resgatar o elo perdido.
Se alguém puder convencer o Verde de que a Aninha só quer sua amizade para sempre. Favor entrar em contato pelo celular (71) 9969-5541 ou no e-mail gab_ilmaaguiar@trt05.gov.br. Ah, ele atende pelo nome de Carlos José.
-----------------------------------------------------------------
Distância ...Espaço, tempo ou apenas um sentimento? Penso no passado e nas pessoas que ficaram, e chego a conclusão de que os que se foram, foram por suas razões e destino. A vida muitas vezes nos leva a trilhar novos caminhos, novos encantos, novas paixões, e isso não se perde, quando amamos e nos recordamos dos que se foram, por quaisquer motivos que sejam, sabemos que hoje, somos o resultado inexorável desta convivência. Se hoje sou quem sou, é por trilhar o caminho e me apoderar de um tantinho de cada um que por mim passou. Deixei saudades, ficaram saudades, mas tudo esta certo como esta, e o futuro a mim pertence. Vou fazer dele um carrossel de lembranças e resultados e vou levar comigo sempre os desejos e sonhos, realizados ou por realizar de quem comigo trilhou a longa estrada do meu ser.
Claudinha
-----------------------------------------------------------------
“Cumplicidade”
O mar calmo, sereno, manso...
O aconchego seguro, As palavras confortadoras.
O mar plácido, o céu limpo...
O sorriso contagiante, carregado de esperança, A voz manhosa, acalento nas incertezas.
O mar tranqüilo, ondas cristalinas...Calmaria!
O coração sempre disposto a compartilhar, A luz do farol a iluminar os dias nebulosos.
O mar calmo, sereno, manso, o céu limpo, as águas sossegadas, as ondas cristalinas...
O incondicional sentimento ofertado gratuitamente, partilha... sonhos felizes! A sintonia de idéias, a cumplicidade de pensamentos, de sentimentos: a reciprocidade.
Avizinham-se raios, trovões, ventos uivantes, natureza ofegante... Nuvens cobrem o sol, o cinza toma o lugar da luz, pesadelos terríveis! As águas revoltam-se, ondas agitadas ocultam a direção do porto seguro.
A instabilidade faz-se companheira de viagem...é tempestade! Do barulho ensurdecedor emana palavras soltas, um labirinto verbal, prelúdio do descaso.
O tempo torna-se inimigo fatal... com o caminhar dos ponteiros tudo adormece, Mistérios profundos, gestos simples, lágrimas correm frias pela face, martírios, amores... tudo desfalece.
Na aurora cálida do amanhecer, tímidos brilham os primeiros vestígios do sol, Nostalgia, sopro de vida... na palidez do momento um insopitável desejo... Reunir os pedaços, unir o que se desfez, reatar laços, reconstruir “felicidades”.
Karine (Ká)- http://espacoka2.zip.net
-----------------------------------------------------------------
|